Segunda-feira

Segunda-feira
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Acordou depois de uma noite agitada. O calor começava a dar sinais de que as noites não seriam mais tão tranquilas. Ele não gostava de ar condicionado e o ventilador de teto também trazia um certo incômodo. Precisava comprar o bom e velho ventilador de seis pás. Tinha uma receita infalível: ligava na força máxima e direcionava o vento para a parede em
diagonal a cama. O vento batia na parede e seguia o seu caminho, deixando o ambiente agradável, sem aquele ar direto sobre seu corpo. Funcionava mesmo.
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Talvez a noite estranha o tenha feito acordar mais instrospectivo. Preparou o café e quando sentou no sofá, a cachorrinha, que já estava alimentada, o encarava com aquele olhar interrogativo e com as orelhas muito atentas. Largou tudo, preparou o celular e fez o registro. Seguiu por alguns instantes fazendo carinho no animal. Depois da comida, ela ficava entregue. Ele lembrou da história do chapeuzinho vermelho e começou a brincar com o animal: “porque estes olhos tão grandes?, porque este olhar tão profundo?, porque estas patas tão enormes?, porque este focinho tão comprido?”.
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Compartilhou alguns segredos com ela. E desejos também. Ela seguia imóvel e atenta. Parecia entender tudo. Pra ele, em silêncio, disse que talvez não fosse bem assim, mas era melhor que ela não soubesse.
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Sentou ao seu lado e seguiu com o café da manhã enquanto ela já posicionada, agora na sua frente, esperava um pedacinho de pão.
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Era segunda-feira.
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